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Casos no Brasil podem quadruplicar sem um Plano Nacional de Cuidado às Demências

21 de setembro, Dia Mundial da Doença de Alzheimer

Data é marco de conscientização sobre a importância do diagnóstico e do tratamento. Brasil não tem muito a comemorar. Falta de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, ameaça quadruplicar os números de diagnosticados em três décadas.

A cada 3 segundos, há no mundo um novo diagnóstico de demência. Mais da metade, especificamente seis em cada dez, é da Doença de Alzheimer. Em média, há um crescimento de 10 milhões ao ano no mundo. Seis milhões, em Alzheimer. No Brasil, temos 1,5 milhão de pessoas vivendo com demência. A estimativa é que o número quadruplique nas três décadas futuras.

Os dados são assustadores, é verdade. Só que não retratam a realidade. Falamos apenas de indicadores oficiais. Entretanto, existe grande subnotificação, conforme médicos, gestores e demais especialistas.

A demência é uma das causas mais comuns de incapacidade e dependência entre as pessoas idosas. Além da questão humana, do sofrimento de familiares, amigos e do doente, existe um grave impacto global. Em 2018, os custos em cuidados e tratamento ficou na ordem de US$ 1 trilhão. Estima-se que daqui dez anos chegará a US$ 2 trilhões. É mais do que o Produto Interno Bruto do Brasil, hoje em cerca US$ 1,7 trilhão.

A Doença de Alzheimer atinge, em geral, pessoas mais idosas e provoca a degeneração das células cerebrais, resultando na perda de memória e das funções cognitivas. Apenas 7,13% dos casos mundiais de Alzheimer se dão abaixo dos 65 anos. Entre os que estão na casa dos 85 anos ou mais, 35% tem Doença de Alzheimer.

Em relatório mundial da Doença de Alzheimer, divulgado pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), destaca-se estudo da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres com cerca de 70 mil pessoas de mais de 100 países diferentes. Ele constata que a desinformação da população em relação à demência de forma geral é alarmante: dois terços dos entrevistados acreditam que a demência é normal e faz parte da velhice. A falta de orientação sobre o tema prejudica o diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O envelhecimento pode sim causar leve esquecimento, mas não prejuízos à vida pessoal e profissional, ao mercado de trabalho, ao sistema de saúde, entre outros. Contudo, como distinguir um caso de outro, se mesmo entre a classe médica nem todos possuem formação adequada para diagnosticar?

Os neurologistas do Ppaís, por meio da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), defendem a criação de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, garantindo tratamentos/assistência social às famílias de pacientes com demência, divulgando ininterruptamente campanhas de esclarecimento e, assim, prevenindo o aumento dos casos. Tudo com a participação de instituições de saúde, do poder público e do conjunto da sociedade.

É exatamente isso que ao Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza para todo o planeta. Um elemento relevante em um plano de demência é apoiar cuidadores. A OMS, inclusive criou o iSupport, programa de treinamento on-line que, mais do que ajudar na capacitação, informa como lidar com mudanças de comportamento e cuidar da própria saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, argumenta que toda atenção é pouca neste momento em que os índices de demência estão prestes a explodir e o mundo ainda enfrenta a pandemia da Covid-19.

“As evidências científicas confirmam que o que é bom para o coração também é bom para nosso cérebro”, diz ele.

A prevenção da Doença de Alzheimer pode começar por essa linha. De acordo com Jerusa Smid, coordenadora do Departamento Científico (DC) de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN, “a atividade física é indispensável do ponto de vista de prevenção, inclusive na faixa etária mais idosa. Além disso, a questão da poluição também é um dos novos fatores modificáveis”, pondera. “Os fatores de risco cardiovasculares podem interferir na evolução de demências, assim como os distúrbios de sono”.

Vale registrar aqui que existem alguns tratamentos e métodos de reabilitação cognitiva. Para o diagnóstico há esperança de que  seja descoberto um marcador biológico com assertividade no diagnóstico à Doença de Alzheimer.

Ainda não o temos. Porém, já há luz no fim do túnel. Estudos publicados recentemente na revista JAMA apontam ser viável identificar a doença de Alzheimer através de um exame de sangue. O biomarcador (o fosfo-tau 127) diagnosticaria a taxa dessa proteína no sangue vinte anos antes do começo do comprometimento das funções cognitivas. Entretanto, só mais testes dirão se realmente será eficaz para distinguir o Alzheimer de outros tipos de demência.

 

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