Alérgenos encontrados no ambiente doméstico, como os ácaros da poeira, fungos e epitélio de animais de pelo, são alguns dos desencadeadores da alergia ocular. Polens de gramíneas, mais frequentes na região sudoeste/sul durante a primavera, também entram na lista de alérgenos.
Em 98% dos casos, a alergia ocular é causada por um processo de hipersensibilidade mediado por IgE, que ocorre em pessoas com predisposição genética para atopia.
A Dra. Elizabeth Mourão, Coordenadora do Departamento de Alergia Ocular da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que para diferenciar a conjuntivite alérgica das bacterianas e virais é preciso se atentar a alguns sintomas.
“As conjuntivites alérgicas acometem ambos os olhos, não são infecciosas e o prurido ocular está presente em quase todos os casos. No caso das conjuntivites virais, sintomas como febre, mal-estar e gânglios cervicais são frequentes, associados à sensação de ardência e desconforto ocular. Além disso, essas conjuntivites costumam vir em surtos, acometendo várias crianças e adultos jovens em um mesmo momento. No caso das conjuntivites bacterianas, os olhos costumam ficar grudados pelo aparecimento de secreção ocular purulenta”, explica a especialista.
As alergias oculares podem acontecer em qualquer época do ano, como é o caso da conjuntivite alérgica perene, desencadeada pela exposição aos aeroalérgenos intradomiciliar ou de forma sazonal, durante a primavera (agosto a dezembro). O clima seco e quente, a permanência em ambientes refrigerados ou aquecidos e o contato esporádico com animais de pelo como gatos e cães também podem desencadear a doença.
Tratamento – Além de controlar o processo inflamatório conjuntival, com melhora da qualidade de vida, o tratamento visa evitar complicações que são frequentes nas formas crônicas da doença, como disfunção do filme lacrimal, ceratocone, úlceras de córneas, papilas gigantes e distúrbios visuais.
“É importante salientar que o tratamento deve ser feito pelo alergista em conjunto com um oftalmologista, envolvendo medidas de profilaxia aos aeroalérgenos, tratamento farmacológico e imunomodulador. A automedicação com colírios sem acompanhamento médico pode levar ao retardo do tratamento e agravamento da doença, bem como a complicações decorrentes de efeitos colaterais do uso indiscriminado desses medicamentos, como aumento da pressão intraocular e susceptibilidade a infecções no caso dos colírios a base de corticosteroides”, comenta Dra. Elizabeth.
A imunoterapia é também uma forte aliada para o desenvolvimento de tolerância ao alérgeno desencadeante de sintomas, com bons resultados para os ácaros da poeira e os pólens de gramíneas.
Alergia ocular e rinite – A alergia ocular pode estar relacionada também com a asma e a rinite. Na maioria dos casos, está associada com a rinite alérgica, na forma de rinoconjuntivite alérgica. A associação com outras doenças mediadas por IgE como a asma e dermatite atópica também é frequente.
Prevenção – A rinoconjuntivite alérgica é uma doença de caráter hereditário e ocorrência familiar, que acomete mais de 20% da população. É muito importante que os alergistas investiguem a doença, para que um tratamento adequado seja iniciado, com melhora da qualidade de vida e para minimizar complicações decorrentes do prurido ocular crônico como o ceratocone, por exemplo. Um ambiente controlado, com redução de exposição aos aeroalérgenos, pode impactar positivamente na frequência das crises e controle dos sintomas.
Sobre a ASBAI
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 23 estados brasileiros.
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