Sensação de vistas cansadas, ressecamento dos olhos, irritação,
dor de cabeça e visão turva são algumas alterações provocadas pelo estresse
O estresse é responsável por desencadear e agravar diversos problemas de saúde, entre eles, os transtornos e doenças oculares. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse faz parte da vida de cerca de 90% da população do mundo.
Em relação ao cenário de Covid-19, as incertezas sobre a pandemia serviram como agravamento do quadro de estresse, principalmente para quem atua na linha de frente do enfrentamento à doença.
Tratando-se da saúde dos olhos, o estresse pode causar várias alterações corriqueiras, como sensação de vistas cansadas, olhos ressecados, irritação, dor de cabeça, visão turva e sensibilidade à luz. Na maioria das vezes esses sintomas não causam danos à visão, mas é preciso estar atento.
Em alguns casos, a pessoa pode desenvolver um quadro grave oftalmológico. Isso porque o estresse aumenta a produção do hormônio cortisol liberado pelo cérebro no nosso organismo, causando uma série de problemas de saúde, inclusive nos olhos.
Coriorretinopatia Serosa Central
A Coriorretinopatia Serosa Central é uma das doenças oculares que tem o estresse como um dos fatores de risco. Ela se caracteriza pelo vazamento de líquido na região central do olho, na área responsável pelo foco da visão e pelo detalhamento das cores, conhecida como mácula. Com isso, ocorre o descolamento da retina.
Os pacientes com a doença podem apresentar uma mancha acinzentada ou ponto preto no centro olho, além de visão distorcida e embaçada. O diagnóstico da doença é feito por meio de exames oftalmológicos e avaliação dos sintomas do paciente.
A doença costuma afetar majoritariamente os homens, sobretudo na faixa dos 20 aos 45 anos. A Coriorretinopatia desaparece após alguns meses, mas algumas pessoas podem dissolver a forma crônica da doença, que é quando os sintomas permanecem por mais de seis meses, tornando-se mais resistente ao tratamento.
Uma das causas para a Coriorretinopatia Serosa Central é o aumento do cortisol no organismo, um tipo de hormônio liberado com o estresse ou por meio de uso de medicamentos com cortisol. Há várias opções de tratamento para a doença, como uso de medicação oral ou injetáveis, colírios, injeções intravítreas e utilização de laser.
A maioria dos pacientes têm apenas um episódio da doença ao longo da vida e se recuperam sem sequelas. Porém, principalmente nos casos crônicos, pode haver danos sérios e permanentes na retina que podem causar perda parcial ou até mesmo total da visão.
Mioquimia da pálpebra
A Mioquimia Palpebral é um tremor involuntário na pálpebra que acontece na musculatura fina do olho. Ainda não há informações sobre as causas exatas do tremor, mas novamente o aumento de cortisol é apontado como um dos fatores.
Esse fenômeno costuma aparecer quando a pessoa está estressada, ansiosa, com sono desregulado, fatigada, após o consumo exagerado de bebidas com cafeína, entre outras situações de risco.
Em geral, a Mioquimia não causa danos à saúde ocular e dura apenas algumas horas, por isso dispensa a realização de tratamento. Entretanto, se o tremor for persistente a ponto de atrapalhar a rotina ou apresentar outros sintomas, o paciente precisa buscar atendimento médico para descartar doenças neurológicas ou oftalmológicas.
Para os casos leves a recomendação é adotar hábitos que melhorem a qualidade de vida e buscar formas de relaxar mesmo em meio a correria do dia a dia.
Fotofobia
Normalmente é percebido pelo paciente quando é necessário apertar os olhos ao entrar em um local muito iluminado. Entre os sintomas deste transtorno, estão: dores de cabeça, náuseas, inflamação, olhos marejados, vertigem ou tontura.
A fotofobia é causada por diversas outras condições médicas, como por exemplo a enxaqueca, que por sua vez tem como origem a má alimentação, alterações hormonais e o estresse. Além da enxaqueca, a fotofobia pode ser causada por doenças como encefalite, meningite, esclerite, conjuntivite ou abrasão da córnea.
Como cuidar da saúde dos olhos?
Reduzir o nível de estresse é benéfico para a saúde como um todo, inclusive para os olhos. Por isso é importante adotar hábitos saudáveis na rotina, com objetivo de melhorar a qualidade de vida, como ter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos, ter o sono regulado e evitar situações de estresse.
Além disso, é fundamental buscar atendimento médico caso a pessoa tenha alterações na visão que não melhoram ou que estejam interferindo na rotina. Isso porque esses sintomas podem ser indícios de uma doença oftalmológica grave ou até mesmo uma patologia neurológica. Caso haja perda súbita da visão, o atendimento deve ser imediato. Após os 65 anos é recomendado visitar o oftalmo uma vez por ano.
Mario Filippo
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre oftalmologia.
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