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Pesquisa inédita mostra a incidência do Lúpus e da Nefrite Lúpica na população brasileira

O estudo foi batizado de Macunaíma. Ao todo, 300 pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) participaram da pesquisa inédita, que envolveu cinco centros médicos espalhados pelas cinco regiões brasileiras

O Brasil tem agora o primeiro estudo de âmbito nacional sobre a incidência do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e da Nefrite Lúpica (NL) no país. Batizado de Macunaíma, o estudo envolveu cinco centros de estudos brasileiros: Norte (NO), Nordeste (NE), Centro-Oeste (CO), Sudeste (SE) e Sul (SU). O Lúpus Eritematoso Sistêmico, ou simplesmente Lúpus, é uma doença crônica (sem cura) e autoimune. Trata-se de uma inflamação que pode atingir vários órgãos do corpo ¹.
Segundo a pesquisadora e principal investigadora do estudo, Dra. Mirhelen Abreu, professora de Reumatologia da UFRJ, coordenadora do ambulatório de Lúpus da UFRJ – Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e, também, fundadora e líder do Laboratório Mapear, o nome do estudo traduz “essa regionalidade e essa diversidade do personagem da obra de Mário de Andrade”. “O objetivo desta pesquisa é traduzir a diversidade do Lúpus no nosso país”, acrescentou Dra. Mirhelen.
O estudo Macunaíma teve como finalidade mapear e descrever as características clínicas e laboratoriais do Lúpus no Brasil e observar a existência de disparidades em cada uma das cinco regiões ². “O segundo objetivo foi caracterizar a prática clínica, a prática do cuidado, o acesso e, consequentemente, como essa prática se traduz em custo direto do nosso paciente para nossa sociedade”, acrescenta a médica.
A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas com pacientes e revisão de prontuários médicos (período de estudo de 12 meses). A Nefrite Lúpica foi definida como relatado no prontuário ou história de biópsia renal confirmada; atividade da doença por alterações predefinidas no Índice de Atividade de Doença de LES (SLEDAI) ou doença renal do paciente durante o estudo ².
Foram 272 pacientes incluídos no estudo, aproximadamente 60 de cada centro.² “Foram incluídos pacientes de Manaus, Fortaleza, Cuiabá, Rio de Janeiro e Porto Alegre, de modo a retratar a regionalidade do nosso país e como essas características regionais podem se desdobrar em apresentação clínica e prática de cuidados”, acrescenta a pesquisadora. A primeira constatação é que houve diferença clínico-laboratorial entre os centros participantes, reforçando a regionalidade do Lúpus no país. “Ressaltando essa disparidade, vimos uma baixa prevalência de acometimento articular na região Centro-Oeste comparado com os demais centros e vimos uma importante predominância de manifestações cutâneas na região Norte e Nordeste”, detalhou a pesquisadora.
Na região Sul, foram encontradas alterações imunológicas e, no Sudeste, alterações renais. Com relação às características da hospitalização, a prevalência foi de 21.1% ², com pouca discrepância entre os centros. “Entre as causas principais para internação, estavam, em primeiro lugar, infecção e, em segundo lugar, atividade da doença, acrescentou Dra. Mirhelen.
A infecção ainda é a causa líder de hospitalização dos pacientes com Lúpus no país. A Nefrite Lúpica também foi tema do estudo. Segundo a pesquisa, há uma prevalência de 51% de NL nos pacientes com Lúpus ². “Percebemos que pacientes que usam anticonvulsivantes e com maior número de consultas ao neurologista ou ao psiquiatra tem menor taxa de atividade de doença renal. Esse achado foi muito marcante. Também percebemos que pacientes moradores das regiões Norte e do Nordeste têm maior taxa de atividade da doença renal. A questão da exposição ao sol é uma característica regional e ambiental que pode estar associada”, conclui Dra Mirhelen. Outro ponto importante a ser ressaltado é quanto a prática de cuidados. “Observamos disparidades dentre os medicamentos específicos do lúpus. Essa disparidade pode ser fruto do acesso, da efetividade do sistema de saúde e são fatores que também devem ser considerados na interpretação dos resultados relativos às disparidades evidenciadas pelo estudo”, diz Dra Mirhelen.
Os resultados parciais do estudo foram apresentados recentemente no 38º Congresso da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e no Congresso da Liga Europeia de Reumatologia. O estudo Macunaíma contou com o apoio da farmacêutica GSK.
Fonte:
Bruno Soares – bcw-global

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